Líder, eu?



Não sei por que as pessoas ainda me indicam para liderar, coordenar ou presidir alguma coisa. Se há algo em que assumo minha total incompetência, já demonstrada várias vezes, esse algo é a liderança.

Já tentei ser líder, mas obtive péssimos resultados. Desde a escola, quando fui representante de turma, até chegar à presidência de uma escola de samba, passando por grêmio estudantil e diretório acadêmico, nesses casos como vice, demorei para perceber minha incapacidade em encabeçar projetos. Como professor regente, por exemplo, sou um fiasco, pois não sei nem mesmo organizar um simples passeio. Sempre fui nulo em todas essas experiências, o que me levou a renunciar em diversas ocasiões.

O calendário indica que sou do signo de Leão, que tem como uma das primeiras características, segundo fontes que li, justamente a liderança. Diga-se que eu levava a sério, há alguns anos, a astrologia. Quando passei a ser cético, vi que isso estava errado. “Não acredito nesse negócio de signo”, disse esses dias na sala dos professores em uma das escolas em que leciono, no que fui contestado por um professor de filosofia (olhem só, de filosofia!): “Não é questão de acreditar ou não. Astrologia é fato.” Alegou que tudo depende da ascendência do signo sobre outro signo e etc. e tal, o que explicaria minha inaptidão.

Não quero polemizar sobre astrologia. Para mim não funciona e quem quiser acreditar que acredite. O que quero é frisar minha total falta de vocação para liderar ou simplesmente coordenar qualquer coisa. Não nasci para isso. Também não é possível aprender a ser. Não tenho carisma, pulso firme, iniciativa, nem mesmo uma boa retórica e uma boa oratória, apesar de ser professor. O que tenho são ideias para compartilhar, mas não sei pô-las em prática. Não sei apontar caminhos, sei desorientar. Não ensino os meus alunos indicando-lhes as repostas, mas sim os questiono para que construam eles mesmos os seus saberes e não sigam o roteiro do professor. O líder é aquele que dá o norte para aqueles que o seguem. Não é o meu caso.

Todos os colegas professores que me indicam para coordenar alguma coisa não sabem o quanto foram incompetentes na escolha. Nem mesmo consideram que sou um cara quieto, segundo eles mesmos dizem. Não tenho essa vocação. Fujo de toda e qualquer responsabilidade e, se me colocam nela, sem nem mesmo me perguntarem se aceito, estão cometendo um enorme erro.

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